Peço licença para tratar de um assunto, diferente dos
temas técnicos que geralmente abordo, que está, nos dias de hoje, impactando a
vida do profissional contemporâneo, que é o que chamo de obsoletismo
profissional precoce.
Me chamou a atenção esta semana, em um encontro de
auditores internos que participei, um dos temas abordados, tema este que foi
obtido por meio de uma pesquisa realizada com os membros deste grupo.
O tema foi:
“Como arrumar emprego após os 40 anos”.
Enquanto era executivo corporativo, minha linha de corte
para começar a ter dificuldade de recolocação era a partir dos 50 anos de idade,
mas me parece que está régua mudou; o que é uma loucura, pois, é justamente com
40 anos que o profissional está iniciando a vivencia de sua maturidade
profissional, alinhando sua experiência prática com sua formação acadêmica.
É fato que dificuldades e pressões sempre existiram, e
continuaram existindo, esteja você empregado ou em busca de uma recolocação.
Ambientes corporativos nocivos, pressões por metas, ou salários oferecidos
abaixo do mercado, dificuldades de ser chamados para uma entrevista, fazem
parte da vida do profissional, até aí nenhuma novidade, precisamos aprender a
ser resilientes.
Esta discussão me remeteu a uma frase que li outro dia,
sem saber precisar onde, e que faz todo sentido, principalmente quando a
relacionamos com a precocidade e rapidez que um profissional chega em seu
obsoletismo nos dias de hoje. A frase é a seguinte:
“Não vivemos em uma Era de Mudanças, mas sim em uma Mudança
de Era”
Observem que estamos vivenciando justamente o ponto
limítrofe da coexistência de duas Eras totalmente distintas, com paradigmas,
formas, contextos e requisitos antagônicos.
Situação como esta, gera maior complexidade seja para a
sociedade, para o mundo corporativo e também para a vida profissional. Vivemos impactados
por situações disruptivas, com forte parcela de ambiguidade nas atividades de
gestão e negociação, gerando mudanças profundas no formato e nos atributos
profissionais requeridos.
Imagino que sintomas de “Burnout”, depressão e
desmotivação devam estar em níveis mais elevados, uma vez que as mudanças são
muito mais rápidas do que podemos metabolizar, gerando alto nível de stress.
Quero compartilhar com vocês algumas considerações que
podem fazer diferença para aqueles que querem se manter no mercado, tornando-se
valioso para as corporações e com isto mitigando o risco do obsoletismo
profissional precoce.
Para isto tenho que voltar um pouco no tempo, mais
precisamente, lá no ano de 1979, quando iniciei minha vida como auditor externo
Em uma certa ocasião, um dos sócios da
Coopers & Lybrand, me deu um conselho, o qual levei por toda minha vida corporativa,
de trainee a C-Level, que me ajudou muito, e continua ajudando.
O que ele me disse foi o seguinte:
Não se
preocupe com o emprego, mas sim com a empregabilidade, emprego e remuneração
serão consequência
Empregabilidade, conceitualmente falando, é a qualidade
de quem é empregável. Então a ideia é se manter atraente e valioso para as
corporações.
Precisamos notar que empresas como conhecemos hoje estão
com seus dias contados. Elas estão convergindo para o mundo digital, são mais
virtuais, mais globalizadas, mais descentralizadas, que consequentemente,
impacta diretamente nos atributos requeridos para os profissionais.
Aparentemente a idade média nas empresas tem diminuído,
as posições são mais remotas e colaborativas, as estruturas organizacionais
mais “flats”, matriciais e flexíveis.
A empregabilidade na minha época era ter uma
Pós-Graduação, fluência na língua inglesa e contar com uma experiencia
internacional era um plus. Hoje isto já não conta mais como diferencial, faz
parte da formação básica.
O conceito de empregabilidade requer que você
identifique quais são os requisitos profissionais, não para o dia de hoje, mas
para o dia de amanhã.
Quanto mais longe você puder enxergar, mais tempo terá
para se preparar.
É isto mesmo o que você está pensando, é preciso
enxergar além do obvio, de forma transparente, respeitando e acreditando que o
mundo mudou e que continuará mudando, em uma velocidade que nem sempre
conseguimos metabolizar. Não é fácil, mas precisa ser feito.
Depois de uma análise das mudanças existentes no mundo
corporativo, que tenho observado, dentro e fora do Brasil, ouso, descrever os
seguintes requisitos para a empregabilidade do profissional:
1 1 - Ser
um desapegado organizacional, isto é, não estar apegado a existência de uma
estrutura organizacional tradicional, não precisar ter um local fixo de
trabalho, estar conectado com as formas digitais de trabalhos remotos, ter
forte automotivação, disciplina e atitude colaborativa;
2 2 -Ter
uma visão mais holística da dinâmica de negócio da organização, é ser um
especialista, mas com visão generalista;
3 3 - Ser
um solucionador de problemas, não somente um executor, pois isto a automação e
a inteligência artificial se incumbirão de realizar;
4 4 - Estar
confortável atuando em uma estrutura “flat” e matricial, onde em alguns
momentos você é o líder e em outros você será um liderado;
5 5 - Conceber
como estilo de vida o conceito de Lifelong Learning, que é o aprendizado
constante para o resto de sua vida;
6 6 - Ser
fluente na língua Inglesa, é condição sino-qua-non para qualquer profissional
atualmente, lembre-se as empresas nas plataformas digitais não terão
fronteiras, e a língua padrão continua sendo o inglês;
7 7 - É
imprescindível estar confortável com as tecnologias de comunicação digitais e
trabalhos na plataforma digital;
8 8 - Conhecer
a aplicação de mecanismos e ferramentas de automação e inteligência artificial;
9 9 - Proficiência
em linguagens de tecnologia, como por exemplo, a linguagem “R” ou Pyton,
1 10 - Ser
flexível para e adequar a cultura das organizações, as quais tendem ser mais
éticas e baseadas em uma forte estrutura de governança;
1 11 - Esqueça
o emprego formal, baseado nas leis trabalhistas, agora vai ser como aquela
revista: Você S/A.
Não tenho nenhuma pretensão que esta lista seja a final, mas pelo
menos lhe oferecerá um ponto de partida.
Trabalhar com o conceito de empregabilidade permite a
você se antecipar e se preparar para as mudanças de mercado, dos requisitos de
negócio e dos requisitos e atributos profissionais, permitindo com que você
tenha sempre aquilo que as corporações necessitam.
Para isto, você tem que acreditar na mudança, deve sair
do local comum e de sua zona de conforto, deve ousar, deve olhar para frente, e
deve, de forma organizada, utilizar seu tempo na exaustão.
A frase “No pain, no gain”, nunca foi tão verdadeira.
Logicamente tudo na vida é uma questão de escolha, você
pode ser esconder em seu vitimismo e achar que é o profissional mais azarado do
mundo, ou então tomar as rédeas de sua vida profissional, e fazer a diferença.
Lembre-se, somente você pode trilhar o seu caminho, mais
ninguém.
Você está onde quer estar, ninguém lhe obriga estar na
situação que se encontra. Tenha sempre um plano “B”, até um plano “C”, pois nem
sempre trilhamos conforme planejamos.
Para finalizar, quero compartilhar algo que aprendi no
meu esporte que é a equitação, e que também me ajudou muito na vida
profissional:
·
Confie em você,
·
Quebre barreiras, ultrapasse seus limites
com equilíbrio, mas com coragem,
·
Não tenha medo de falhar, faz parte da vida,
aprendemos com os erros,
·
Ignore as pessoas negativas, aquelas que
dirão que nunca dará certo,
·
Trabalhe e estude muito, de forma planejada
e disciplinada,
·
Sempre ajude os outros que estão na mesma
caminhada, ofereça algo em retorno, não seja egoísta,
·
Seja humilde, reconheça que não é perfeito e
que nem sabe tudo,
Seja Feliz!
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