Esta semana estava lendo em uma revista de grande circulação
uma matéria sobre o preço das pizzas em São Paulo que além dos preços absurdos
das mesmas, me chamou atenção um comentário de um proprietário dizendo que
parte do aumento do preço da pizza se deu pelo aumento do custo da segurança,
necessária para manter a frequência dos clientes.
Eu estava esperando
que o grande vilão fosse o tomate, mas me enganei, é a violência dos arrastões
o grande motivador do encarecimento da nossa pizza de cada dia!
Meu deus que país é este, realmente fiquei preocupado, pois
pode mexer com tudo, mas não mexe com a pizza não, isto é jogo sujo.
Na esteira deste assunto, comecei a pensar sobre as
perspectivas da economia para o próximo semestre, e apesar de ser uma pessoa
otimista, fiquei muito preocupado, explico o porquê:
Primeiramente, olhando para o mercado externo, as
perspectivas não são nada boas. A Zona do euro continua e continuará em
recessão, podendo agravar, pois, demonstra uma taxa de desemprego alta, uma
produção industrial em queda, e uma taxa de inflação também em queda, podendo
evoluir para uma deflação, que seria um verdadeiro desastre.
Os Estados Unidos, a meu ver, esta andando de lado, algumas
vezes os sinais são positivos e outras vezes não. Não é possível ainda dizer se
ele está em recuperação ou não.
A China, o grande mercado importador do Brasil, esta
reduzindo o seu crescimento, e alguns analistas falam da existência de fatores de
fragilidade financeira em sua economia, uma coisa é certa, ela esta mais
cautelosa com sua política expansionista.
Logicamente, em um cenário de retração econômica externa como
este, os preços das commodities se deterioram devido à existência de excedentes
no mercado, impactando diretamente aos países exportadores deste tipo de
produto, como o Brasil, por exemplo.
Com este quadro em mente, comecei a olhar para a economia
nacional.
O crescimento dos últimos anos foi baseado na expansão do
crédito e na expansão do mercado consumidor devido ao crescimento dos salários,
e na redução do desemprego. Os setores automobilísticos, construção e linha
branca foram os grandes beneficiados neste processo.
Acontece que agora o crédito está estagnado. Segundo análises
do mercado, as famílias estão endividadas, e a criação de empregos perdeu sua
força e está caminhando para zero de crescimento, e o salário tende para um equilíbrio.
Vai faltar gente para
comprar!
Outro dado interessante é a queda da atividade industrial e também
das vendas no varejo, pois, apesar dos preços no atacado apresentarem uma
redução, isto ainda não é sentido no varejo, quer dizer ainda não chegou ao
consumidor, e vale lembrar que, segundo a FGV, a confiança do consumidor esta
em queda.
Com certeza a consequência é menos emprego e o consumo vai
cair por medo e não por demanda!
Além de tudo isto, a deterioração das finanças públicas,
falta de investimento em infraestrutura, respostas superficiais do governo e
piora da balança comercial impactam diretamente na desaceleração da economia.
O resultado não pode ser outro, previsão de um pequeno crescimento
da economia brasileira, aumento dos juros para conter a inflação e
desvalorização do Real.
O Governo e FMI já reduziram a previsão da taxa de
crescimento do PIB brasileiro. O COPOM já elevou a taxa básica Selic.
E a moeda brasileira já
esta em processo de desvalorização, agravado pelos movimentos de insatisfação
popular, que apesar de legitimo, tem forte impacto no grau de confiança do
investidor externo, e aliado a isto, a recuperação das taxas de juros norte
americanos, tornou inevitável a desvalorização do Real, com o fluxo dos
investidores procurando um porto seguro, e os Estados Unidos mesmo em crise,
ainda é a melhor alternativa.
Outra coisa importante que deve ser considerado é que o
Brasil não tinha mais possibilidade de crescimento, pois, existem dois grandes
gargalos neste processo: Falta de infraestrutura, e falta de capacidade de mão
de obra, é impossível crescer de forma sustentável sem estes dois itens.
O Brasil passa há muito tempo por uma crise de competência
de gestão, seja no governo, nas instituições publicas ou na iniciativa privada.
Faz muito pouco tempo, desde a abertura dos mercados na era Collor, que falamos
de produtividade, de processos eficientes e sustentáveis, etc.
Algumas
corporações, inclusive instituições governamentais, já entenderam a situação e já
estão trabalhando em seus processos de governança e gestão de riscos, se
posicionando para as novas necessidades do mercado, o que já é um caminho
importante para o fortalecimento dos processos empresarias. Muitas empresas
ficaram pelo caminho, mas tudo isto faz parte dos ciclos evolutivos da
humanidade.
Se alguém ainda tinha duvidas que o processo que estamos vivenciando
é um grande processo de ruptura social e econômico, acho que não existe mais.
Enfim, o negócio agora é começar fazer pizza em casa, pois
com o cenário acima, não vai haver outro jeito!
Sejam felizes!
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