O mundo corporativo como também o ambiente de negócios em
que estão inseridos passam por uma grande crise de sustentabilidade, seja nos
conceitos de gestão, seja no tratamento de seu capital humano ou em seus
objetivos estratégicos.
Continuamos gerindo as empresas concentrados nos ganhos
financeiros de curto prazo, e baseado nisto tomamos ações que muitas vezes não
respeitam a manutenção do meio ambiente, dos recursos naturais, e nem a ética
perante as partes relacionadas, sejam externas ou internas.
Isto cria forte pressão sobre os colaboradores da organização
e também dos seus fornecedores para ser mais produtivos, atingirem objetivos
mais ousados, com redução sistemática dos custos envolvidos. É fazer mais, melhor e mais barato.
Não quero dizer com isto que não temos que perseguir a eficiência
e economia dos processos e produtos, não é isto, o que não podemos fazer é
somente olhar para o curto-prazo, ganhar por ganhar, ou estabelecer que o fim justifique
os meios para obter, independentemente da ética e das práticas sustentáveis de
gestão.
É certo que estamos vivenciando uma forte transição em todos
os sentidos, não somente no ambiente corporativo, como também na sociedade e
nos países. É só olhar para o lado que verificar que muito daquilo que considerávamos
como sendo padrão ou como verdade, já não faz muito sentido, colocamos em
duvida se continua sendo o caminho ou não.
Enfrentamos uma nova
configuração mundial de forças econômicas, economias sólidas em crise, economias
emergentes fazendo diferença no mercado, governos totalitários desmoronando, globalização
e virtualização das organizações, processos, comunicação e dos relacionamentos
B2B, B2C e pessoais.
Uma nova sociedade emerge como resultado da convergência dos
relacionamentos pessoais e da democratização da informação, criando com isto
uma crise de lideranças, nas organizações e nos governos, que teimam exercer a
liderança da mesma maneira como era na revolução industrial, no inicio do
século 20.
Neste tempo a medida da inteligência humana era o QI –
Quociente de Inteligência, depois durante os anos 90, se verificou que somente
o QI já não era o suficiente, e começou se tratar também do QE – Inteligência Emocional,
pois, não bastava à pessoa ser um gênio, mas como ela reagia e enfrentava suas
emoções, ela podia ser um gênio, mas se não soubesse trabalhar suas emoções, podia
não desempenhar seu papel com excelência.
Pois bem, hoje, somente estes dois quocientes já não atende
as necessidades das pessoas e dos gestores das organizações, pois agora, estamos
a procura de um significado para desempenhar um papel na sociedade e na
organização, precisamos de lideres que além da confiança, nos mostre este
significado, que felizmente, não é somente o de ganhar dinheiro, é algo mais.
Para a nova geração, o ganho é consequência do desempenho de
uma atividade o qual tem um significado para o aperfeiçoamento de uma
sociedade, que acontece dentro de uma expectativa de qualidade de vida no
desempenho desta atividade. A verdade é que não se trabalha somente por
trabalhar.
É a era do conhecimento que esta se estabelecendo em um ambiente
de negócio globalizado, rompendo com os padrões antigamente estabelecidos, como
hierarquia, horário de trabalho, local fixo de trabalho etc.
A filósofa e física britânica, Dana Zohar discute a existência
de um novo tipo de inteligência, muito importante para as novas lideranças, a
qual ela denomina de QS – Inteligência Espiritual.
É um tanto polêmico, mas quando analisamos esta Inteligência
Espiritual começa fazer sentido para entender um pouco mais o momento por qual
passamos. Vejam não estamos falando de religião, estamos falando de novas
necessidades como pessoa e profissionais.
Vejamos, Dana, define QS como sendo:
“Uma terceira inteligência, que coloca nossos atos e experiências num
contexto mais amplo de sentido e valor, tornando-os mais efetivos. O QS aumenta
nossos horizontes e nos torna mais criativos. É uma inteligência que nos
impulsiona. É com ela que abordamos e solucionamos problemas de sentido e
valor. O QS está ligado à necessidade humana de ter propósito na vida. É ele
que usamos para desenvolver valores éticos e crenças que vão nortear nossas
ações.”
Ela complementa,
“É o poder transformador. A inteligência emocional me permite julgar em que situação eu me encontro e me comportar apropriadamente dentro dos limites da situação. A inteligência espiritual me permite perguntar se quero estar nessa situação particular. Implica trabalhar com os limites da situação. O quociente espiritual tem a ver com o que algo significa para mim, e não apenas como as coisas afetam minha emoção e como eu reajo a isso.”
Como que o QS pode afetar as organizações?
No esteio de todas as mudanças,
está surgindo um novo tipo de empresa, muito mais responsável, com visão de
longo-prazo, que se preocupam com o meio ambiente, com a comunidade e no
desenvolvimento integral de seus colaboradores. É uma nova fase do capitalismo,
onde além da preocupação com o lucro e com a geração de caixa, as empresas irão
investir parte dele na proteção do meio ambiente, na saúde, na educação de seus
colaboradores e da comunidade onde opera.
Para isto, as empresas precisam
de pessoas que queiram entregar mais do que é esperado e/ou requisitado de seu desempenho,
alcançar objetivos além da organização, mais motivados, mais criativos e menos
estressados.
Segundo Dana, a Inteligência
Espiritual pode ser desenvolvida, e salienta também, que as pessoas dão
tudo de si quando se tem um objetivo mais elevado para suas tarefas, para isto as
empresas devem oferecer mais espaço para as pessoas fazerem algo a mais. Ela
dez qualidades das pessoas que tem alto QS e que podem ser desenvolvidas pelas
corporações, são elas:
1. Praticam e estimulam o autoconhecimento profundo.
2. São conduzidas por valores humanos. São idealistas e crêem na vida.
3. Têm capacidade de encarar desafios e utilizar a adversidade a seu favor.
4. São holísticas - têm a visão do todo integrado e a percepção da unidade.
5. Celebram a diversidade como fonte de beleza e aprendizado.
6. Têm independência de pensamento e comportamento.
7. Perguntam sempre "por quê?" e "para que". São agentes de transformações.
8. Têm capacidade de colocar as coisas e os temas num contexto mais amplo.
9. Têm espontaneidade de gestos e atitudes, e são equilibradas emocionalmente.
10. São sensíveis, fraternas e compassivas.
Para mim faz todo o sentido do mundo, espero que para você também,
desta maneira podemos fortalecer nossas organizações para que sejam cada vez
mais fortes e sustentáveis!
Sejam Felizes!
Seus comentários são muito interessantes e podem dar espaço para discussões em mais de um sentido. Duas coisas surgem espontaneamente para mim:
ReplyDeleteI) O Mundo é menor, pode ser mais intimista desde que as pessoas se comunicam e compartilham ideias por fora das estruturas formais dos países e das culturas institucionais. Não esta longe o dia em que as pessoas que, por exemplo, não toleram a corrupção governamental sejam mais que a população de Brasil, de EEUU ou mesmo que da China, só que eles vão falar chinês, inglês, português... e suas fronteiras serão as redes sócias.
II) Uma parte importante da população mundial não quer mais ouvir slogans vazios de conteúdo. Os “valores” das empresas não podem ser apenas os papeis muito bem escritos que pouco e nada falam sobre as reais motivações da mesma e como ela realmente reage perante os estímulos internos ou de mercado. E claro que ainda devemos entender qual é o mercado? Onde vendemos os produtos, só isso?
Com estas ideias na cabeça devo dizer que a globalização chegou a homem e a mulher que anda a pê. As demandas por transparência, accountability, responsabilidade corporativa e social nunca foram tão fortes. As empresas devem ser preparar para responder a estas demandas si desejam manter sua “licencia de operação”. Si a resposta esta em desenvolver a inteligência espiritual, reduzir a hipocrisia, ser honestos, todas elas u outras... só posso dizer benvindas.
Prezado Enrique, Obrigado pelas suas considerações, são muito pertinentes.
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