Um novo mundo corporativo, estamos preparados?

Estamos passando por uma grande ruptura em todos os sentidos da vida, seja no ambiente social ou no ambiente profissional. As verdades de ontem, já não são as de hoje, e com certeza não serão as de amanha.

Precisamos entender que historicamente a civilização é cíclica, podemos visualizar este ciclo como sendo uma parábola: ela sai do caos, vai amadurecendo, criando sabedoria, atinge o seu Ã¡pice, entra no comodismo e então inicia um caminho descendente, perdendo momentaneamente a noção dos valores, impactando negativamente na moral e na ética.

Cada final de ciclo é definido por uma grande crise econômica, ou por uma guerra mundial, ou então pela conjunção de crise econômica com uma guerra de grandes proporções.

Neste momento, a sociedade, insatisfeita com o "status quo", parte para a inovação em todos os sentidos, sejam eles bélicos, novas formas de comunicação, de fazer negócio, de tratar o dinheiro e também criando um novo modelo politico e econômico.

No meu entender estamos justamente neste ponto, estamos passando por este momento de transição. É um momento de profundas mudanças, onde uma nova e melhor sociedade emergirá como resultado deste "caos".

É importante notar que sempre existe uma evolução em todo este mecanismo; com certeza, a sociedade contemporânea Ã© melhor do que o auge da sociedade do século XVII, e assim por diante. Sempre evoluímos, nunca regredimos.

Gosto de fazer uma comparação dos tempos de hoje, com o que aconteceu pós melhoria da maquina a vapor por James Watt em 1765, o qual tornou a maquina mais eficiente e com um custo menor, permitindo a sua utilização em diversas aplicações, principalmente na industria, permitindo a fabricação em maior volume, quando comparado com a produção manual. Conceitualmente, a maquina a vapor permitiu fazer mais rápido e em maior volume aquilo que era produzido manualmente. 

O mesmo aconteceu com os sistemas de processamento eletrônico, o qual permitiu um maior processamento dos dados em volume e velocidade, quando comparado com as atividades de processamento manuais.

No caso da maquina a vapor, o grande impacto para a sociedade, foi a estrada de ferro, a qual encurtou as distancias, melhorou a comunicação e o deslocamento dos indivíduos e dos produtos, abrindo novas fronteiras comerciais. 

A consequência, em um primeiro momento, foi uma grande migração do campo para as cidades, onde se localizavam as fabricas, pois estas precisavam de mão de obra. As cidades, por sua vez, não estavam preparadas para este aumento populacional, criando problemas de moradia, saúde e aumento da violência. 

Este foi o movimento que fez as pessoas saírem de casa para trabalhar.

Estamos passando por algo parecido e não é pelos sistemas de processamento eletrônico, mas sim pela internet. É o comércio eletrônico, através da internet que esta mudando a sociedade. Ela democratizou a informação, encurtou as distancias, quebrou barreiras e fronteiras, e criou um processo de convergência sem volta.

É justamente este movimento que esta mudando toda uma sociedade, mudança irreversível na forma de comunicação, de interação social, bem como na forma de fazer negócios. É o movimento contrario do que aconteceu na revolução industrial, as pessoas estão voltando para trabalhar em casa.

As empresas denominadas progressistas já entenderam este movimento, e estão reduzindo sua presença física, e aumentando sua presença virtual. 

Empresas como conhecemos estão com seus dias contados, elas não serão economicamente viáveis. 

Provavelmente as novas empresas serão baseadas em parceiras, através de gestão de projetos remotos, com organização totalmente matricial, tendo como base uma plataforma virtual. A estrutura e dinâmica para criação de valores deverá estar associada a uma condição de melhoria para a sociedade.

O interessante é que ainda continuamos querendo gerenciar as empresas da era do conhecimento como gerenciávamos no período pós-revolução industrial. 

Acredito que esta resistência é resultado da miopia gerencial que esta presente na maioria das organizações. Jim Collins, em seu estudo sobre a razão do fracasso das grandes corporações, determina que a arrogância é uma das razões desta miopia.

As organizações e profissionais que quiserem fazer parte deste novo mundo, precisa repensar os processos de governança, as estruturas organizacionais, o modelo de liderança, a gestão de pessoas e/ou parceiros, e identificar as habilidades, conhecimentos e capacidade que serão necessárias para este novo ambiente.

As mudanças são profundas e as empresas e os profissionais que não entenderem e não se prepararem para este novo cenário, não sobreviverão! 





    

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Comentários

2 comentários:

  1. Parabéns pela visão,concordo plenamente. O que pode atrapalhar o processo de adaptação é a mudança cultural. É difícil e, acredito que essa "resistência resultado da miopia gerencial" como você citou, é um escudo para justificar a "não mudança cultural".

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    1. É verdade Dirceu, as pessoas tem resistência a mudança por comodismo, por medo, ou então por não perceber a realidade. O livro Quem mexeu no meu queijo ilustra este processo muito bem. Obrigado pelos comentários.

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